Evolução dos Indicadores – Setembro de 2025

📊 Evolução dos Indicadores – Setembro de 2025

No recém-finalizado mês de setembro, a evolução dos indicadores que vínhamos acompanhando foi a seguinte:

📈 O Risco País do Uruguai (medido pelo Índice UBI, publicado pela República Afap) em 30/09/2025 apresentou um valor de 61, o que representa uma variação negativa de -12,86% no mês.
Da mesma forma, ao considerar os últimos 12 meses, esse índice apresentou uma variação negativa de -27,38%, apesar da volatilidade do período, resultante da instabilidade geopolítica internacional.
Como exemplo, podemos mencionar a continuidade do conflito bélico no leste europeu, somado às tensões no Oriente Médio, à guerra tarifária promovida pelo presidente dos Estados Unidos e ao clima político interno, marcado por uma recente troca de governo após o ciclo eleitoral do ano anterior. No decorrer de 2025, este indicador apresentou uma variação negativa de -24,69%.

💸 Inflação e Política Monetária De acordo com a publicação do Instituto Nacional de Estatística (INE), foi divulgado o dado de setembro de 2025.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de setembro de 2025 registrou uma variação mensal de 0,42%, acumulando 3,19% no ano e 4,25% nos últimos 12 meses.

Com isso, o indicador voltou a ficar abaixo da meta oficial de 4,5%, após permanecer dentro do intervalo-meta por vinte e oito meses, o que representa o período mais longo nessas condições desde que, em 2003, começou-se a utilizar o regime de metas de inflação.
Esse resultado confirma a desaceleração registrada em setembro/24, após quatro meses consecutivos de aceleração até aquele momento.

Durante 2025, a inflação mostrou o seguinte comportamento:

  • Em janeiro, retomou-se a desaceleração no acumulado em 12 meses.

  • Em fevereiro houve um leve aumento (de 5,05% para 5,10%).

  • Em março, acelerou até 5,67%.

  • Em abril, recuou para 5,35%.

  • Em maio, caiu para 5,05%, e depois para 4,59% em junho.

  • Em julho, manteve a tendência de queda (4,53%), chegando a 4,20% em agosto e 4,25% em setembro, um leve aumento.

A variação observada no acumulado de 12 meses se explica pela saída da medição de setembro/24 (0,37%) e entrada de setembro/25 (0,42%), ligeiramente superior.
O acumulado móvel (últimos doze meses) registrou um pequeno aumento depois de cinco quedas consecutivas.
O 4,20% atingido em agosto/25 constitui o menor registro desde maio de 2024 (4,1%), mês em que começou a subir após tocar o mínimo de 3,68% em abril de 2024 — o menor valor em quase 20 anos.

Ao considerar o acumulado de janeiro a setembro, o IPC registra uma alta de 3,19%, enquanto um ano antes o aumento era de 4,42%.
Trata-se do menor registro para os três primeiros trimestres do ano desde 2001, quando foi de 2,93%.

🏦 Decisões de Política Monetária – BCU / COPOM

Diante das pressões inflacionárias anteriores, provenientes principalmente da taxa de câmbio, o Banco Central do Uruguai (BCU), em seu primeiro COPOM (Comitê de Política Monetária) do ano, decidiu aumentar a taxa de política monetária (TPM) em 25 pontos-base, elevando-a de 8,5% para 8,75%, como instrumento para impedir que a inflação ultrapasse o esperado.

Nos COPOMs seguintes:

  • Fevereiro/2025: aumento de 8,75% → 9%, mantida em março.

  • Abril: nova alta para 9,25%, buscando conduzir a inflação ao centro da meta de 4,5%.

  • Maio: taxa mantida.

  • Julho: redução de 9,25% → 9%.

  • Agosto (último COPOM até o momento): nova redução para 8,75%, fundamentada na queda da inflação e nas expectativas em mínimos históricos.

Assim, o BCU consolida a fase contracionista da política monetária e reafirma que seu objetivo não é apenas manter a inflação dentro do intervalo-meta (3%–6%), mas no centro do mesmo (4,5%) — o que se alinha ao resultado de 4,20% registrado ao fim de agosto.

📊 Principais Incidências no IPC

As principais incidências no índice geral vieram das seguintes divisões (em pontos percentuais):

  • 🥖 Alimentos e bebidas não alcoólicas: 0,16

  • 🏘️ Habitação: 0,11

  • 🪑 Mobiliário e artigos domésticos: 0,05

  • 🚌 Transporte: -0,06

  • 🏃 Recreação, esporte e cultura: 0,06

  • 💹 Seguros e serviços financeiros: 0,04

A seguir, resumem-se os comentários das divisões mais destacadas no mês de referência:

🥖🥛🍱 ALIMENTOS E BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS: 0,63%

Carnes frescas, refrigeradas ou congeladas: 2,38%
Aumentos em:

  • Nalga (3,88%),

  • Quadril (3,71%),

  • Carne moída (3,17%),

  • Asado de tira (1,95%),

  • Frango inteiro (1,76%),

  • Frango com osso (8,85%),

  • Frango sem osso (2,94%);
    Queda em Bola de lombo (-3,24%).

Leite, derivados e ovos: 0,94%
Aumentos em:

  • Queijo muçarela (2,51%),

  • Iogurte comum (3,38%),

  • Ovos de galinha (1,70%).

Frutas e frutos secos: 0,67%
Aumentos em:

  • Bananas (4,42%),

  • Laranjas (3,37%);
    Queda em: Morangos frescos (-28,76%).

Hortaliças, tubérculos e leguminosas: 1,26% Aumentos em:

  • Pimentões (52,24%),

  • Tomates (13,68%);
    Quedas em:

  • Espinafre (-14,69%),

  • Acelga (-8,30%),

  • Abobrinhas e zapallitos (-32,64%).

🏘️🌇 HABITAÇÃO, ÁGUA, ELETRICIDADE, GÁS E OUTROS COMBUSTÍVEIS: 0,82%

Destaque para o aumento do Gás liquefeito (recarga de botijão): 9,52%.

🪑 MOBILIÁRIO, UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS E OUTROS ARTIGOS REGULARES: 1,07%

Destaca-se o aumento no serviço doméstico (2,93%).

🚌🚗🛵 TRANSPORTE: -0,60% Reduções em:

  • Automóveis e caminhonetes (-1,02%) – influenciados pela cotação do dólar,

  • Gasolina (-0,66%),

  • Transporte de passageiros com motorista (-1,39%),

  • Passagens aéreas (-14,52%).

Aumentos em:

  • Diesel (+4,28%),

  • Passagem de ônibus urbano (+2,83%).

🏃🏼📚🏟️ RECREAÇÃO, ESPORTE E CULTURA: 1,04% Aumento em Jogos de azar (+8,45%).
Queda em Pacotes turísticos internacionais (-2,60%).

💹 SEGUROS E SERVIÇOS FINANCEIROS: 0,65% Aumentos em:

  • Planos de saúde privados (+2,65%),

  • Serviço de acompanhante (+1,37%).

A Pesquisa de Expectativas de Inflação do BCU referente a setembro mostra que a média dos analistas prevê um aumento de preços de 4,50% para 2025 e 4,80% para 2026.
Enquanto isso, a Pesquisa de Expectativas Empresariais do INE projeta inflação de 5,5% para 2025 e 6% para 2026.

A inflação subjacente (exclui frutas, verduras e combustíveis) apresentou uma variação mensal de 0,23%, acumulada no ano de 2,65% e 5,00% nos últimos 12 meses.
Apesar de levemente superior ao índice geral, permanece dentro do intervalo-meta.

💱 Tipo de câmbio e arbitragens internacionais Durante setembro de 2025, o peso uruguaio (UYU) mostrou ligeira valorização frente ao dólar americano (USD), movimento alinhado ao comportamento regional, especialmente das moedas da Argentina e do Brasil.

No fechamento do mês (30/09/2025), o dólar interbancário cotava-se a UYU 38,40, o que representa uma variação mensal de -0,47% (queda do dólar) e uma variação acumulada no ano de -2,25%.

Comparado com o mesmo período do ano anterior, a variação em 12 meses foi de -3,58%, confirmando a tendência de valorização do peso uruguaio observada desde o segundo semestre de 2024.

🌎 Contexto internacional e arbitragens A valorização do peso uruguaio se explica, em parte, pela entrada líquida de capitais estrangeiros, atraídos por taxas de juros reais positivas e pela estabilidade macroeconômica do país.
Além disso, a diferença de taxa de juros entre o Uruguai e os Estados Unidos — que continua relevante — sustenta o interesse em arbitragens em moeda local.

O Federal Reserve (FED) manteve a taxa de referência em torno de 5,25% a 5,50%, enquanto o BCU ajustou a Taxa de Política Monetária (TPM) para 8,75%, conforme descrito anteriormente.
Essa diferença de cerca de 3,25 pontos percentuais reforça o fluxo de capitais de curto prazo para ativos em pesos uruguaios.

📊 Evolução recente  Durante os nove primeiros meses de 2025, o tipo de câmbio apresentou as seguintes variações mensais:

Mês Variação mensal (%) Cotação média (UYU/USD)
Janeiro -0,10% 38,60
Fevereiro +0,25% 38,70
Março +0,45% 38,88
Abril +0,10% 38,92
Maio -0,35% 38,78
Junho -0,45% 38,60
Julho -0,30% 38,48
Agosto +0,20% 38,56
Setembro -0,47% 38,40

A tendência predominante tem sido de leve apreciação do peso, embora com movimentos curtos de correção determinados pelo comportamento do dólar global.

🇺🇸 Dólar global e mercados regionais No plano internacional, o índice DXY (que mede o valor do dólar frente às principais moedas) manteve-se relativamente estável durante o mês, refletindo a expectativa de cortes graduais de juros por parte do Federal Reserve nos próximos trimestres.

Na região:

  • O real brasileiro (BRL) apresentou depreciação de 0,8% em setembro, acumulando -4,1% no ano.

  • O peso argentino (ARS) continuou em trajetória de desvalorização, com forte volatilidade e inflação ainda acima de 150% ao ano.

Em contraste, o Uruguai continua sendo percebido como um refúgio financeiro regional, o que explica parte da entrada de capitais e a relativa estabilidade cambial.

🏦 Expectativas de câmbio Segundo a Pesquisa de Expectativas de Câmbio do BCU (setembro/2025):

  • A cotação média esperada do dólar para dezembro de 2025 é de UYU 39,10.

  • Para dezembro de 2026, os analistas projetam UYU 40,60.

Esses números indicam que o mercado antecipa uma leve depreciação do peso uruguaio nos próximos 12 a 18 meses, compatível com a normalização da política monetária e o gradual fechamento da diferença de taxas de juros com os Estados Unidos.

🏛️ Atividade econômica, resultado fiscal e mercado de trabalho

📈 Atividade econômica

Os dados mais recentes do Banco Central do Uruguai (BCU) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) registrou um crescimento de 0,8% no segundo trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Na variação trimestral dessazonalizada, o PIB mostrou um aumento de 0,4% em relação ao primeiro trimestre.

Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelos seguintes setores:

  • Serviços financeiros e empresariais: +2,3%

  • Comércio, reparos e transporte: +1,5%

  • Agronegócio e pesca: +1,2%

  • Indústria manufatureira: +0,9%

Por outro lado, o setor de construção mostrou uma leve contração de -0,3%, após o término de várias obras públicas e privadas de grande porte iniciadas em 2023–2024.
O setor de energia elétrica, gás e água também apresentou queda de -1,0%, devido à normalização da produção hidrelétrica após o forte desempenho de 2024.

De forma geral, a economia uruguaia mantém um ritmo moderado de expansão, sustentado pela demanda interna e pelo comércio de serviços (especialmente turismo e logística), em um contexto internacional ainda incerto.

💰 Resultado fiscal

O déficit fiscal consolidado do setor público (incluindo as empresas estatais e o Banco Central) foi de 2,8% do PIB no acumulado dos 12 meses até agosto de 2025, segundo dados do Ministério da Economia e Finanças (MEF). O resultado melhora ligeiramente em relação aos 3,0% registrados no mesmo período do ano anterior, refletindo o aumento da arrecadação tributária e a moderação dos gastos correntes.

Receitas públicas:

  • Cresceram 4,2% em termos reais no acumulado de 12 meses, impulsionadas pelo IVA e pelo Imposto de Renda de Pessoas Físicas (IRPF).

Despesas primárias:

  • Aumentaram 2,1%, com destaque para salários públicos (+1,8%) e transferências sociais (+2,3%).

O resultado primário (antes do pagamento de juros) apresentou superávit de 0,4% do PIB, enquanto o pagamento de juros representou 3,2% do PIB.

A dívida bruta do setor público situou-se em 59% do PIB, praticamente estável em relação a 2024.
O perfil de vencimentos continua sendo confortável, com mais de 80% da dívida em prazos superiores a 5 anos e em moeda nacional ou indexada à inflação, o que reduz a exposição cambial.

👷 Mercado de trabalho

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em agosto de 2025:

  • A taxa de desemprego foi de 7,8%,

  • A taxa de atividade (participação da força de trabalho) alcançou 62,1%,

  • E a taxa de emprego ficou em 57,2%.

Em relação a agosto de 2024:

  • O desemprego caiu 0,3 pontos percentuais,

  • A taxa de emprego aumentou 0,2 pontos,

  • E a taxa de atividade permaneceu praticamente estável.

O número estimado de pessoas desempregadas é de aproximadamente 144 mil, enquanto o total de ocupados chega a 1,69 milhão.

Por setores:

  • Serviços e comércio: +1,2% de crescimento no emprego.

  • Indústria manufatureira: +0,8%.

  • Construção: -0,5%.

  • Agricultura: estável.

O salário real médio apresentou aumento de 1,9% interanual, o que contribui para a recuperação gradual do poder de compra das famílias, em um contexto de inflação controlada.

💬 Síntese

➡️ A economia uruguaia mantém uma trajetória de crescimento moderado e sustentável, com inflação sob controle, estabilidade fiscal e recuperação gradual do emprego.
➡️ O principal desafio permanece sendo o baixo dinamismo do investimento privado e a incerteza externa, que poderiam limitar o crescimento potencial nos próximos trimestres.

🌎 Comércio exterior e exportações

📦 Exportações de bens (dados de Uruguay XXI)

Segundo o Uruguay XXI, as exportações de bens, incluindo as zonas francas, alcançaram em setembro de 2025 o valor de US$ 1.048 milhões, o que representa uma queda de -5,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

No acumulado janeiro–setembro de 2025, as vendas externas totalizaram US$ 8.932 milhões, registrando uma redução interanual de -6,1%.

Essa contração deve-se principalmente à queda dos preços internacionais de algumas commodities relevantes para o Uruguai, como soja, carne bovina e celulose, além de uma leve diminuição nos volumes exportados de carne e lácteos.

🧾 Principais produtos exportados Os principais produtos exportados em setembro de 2025 foram:

Produto Valor (US$ milhões) Variação anual (%)
Celulose 236 -3%
Carne bovina 212 -7%
Soja 105 -11%
Lácteos 74 -5%
Arroz 62 +4%
Energia elétrica 58 +9%
Concentrados de bebidas 45 +3%
Produtos farmacêuticos 41 +2%

A celulose segue como o principal produto de exportação, representando cerca de 22% do total exportado, embora tenha registrado leve queda nos volumes embarcados.
O complexo cárneo também reduziu sua participação devido à menor demanda da China, principal destino das carnes uruguaias.

🌍 Destinos das exportações Os principais destinos das exportações uruguaias em setembro de 2025 foram:

País / Região Participação (%) Variação interanual (%)
China 22% -8%
Brasil 18% -2%
Zona Franca de Punta Pereira (UPM) 11% -4%
Zona Franca de Nueva Palmira 9% +3%
Argentina 7% -6%
União Europeia 6% +2%
Estados Unidos 4% +5%
Chile 3% +4%
Resto do mundo 20% +1%

A China continua sendo o principal destino das exportações uruguaias, apesar da redução na demanda por carne e soja.
O Brasil mantém o segundo lugar, com estabilidade em compras de lácteos e arroz.
Por outro lado, observa-se crescimento nas vendas à União Europeia e aos Estados Unidos, especialmente em produtos farmacêuticos e bebidas concentradas.

⚙️ Importações e saldo comercial  As importações de bens somaram US$ 1.120 milhões em setembro de 2025, queda de -3,5% interanual, com reduções nas compras de combustíveis e bens de capital.
Com isso, o mês encerrou com um déficit comercial de US$ 72 milhões.

No acumulado do ano, as importações totalizam US$ 9.840 milhões, com queda de -4,8% em relação a igual período de 2024.

O saldo comercial acumulado entre janeiro e setembro de 2025 é negativo em US$ 908 milhões, resultado de exportações menores e importações ainda elevadas em certos setores industriais.

🚢 Comércio de serviços: O setor de serviços continua mostrando forte desempenho, especialmente em turismo, software e logística.
As exportações de serviços cresceram +6,5% interanual no primeiro semestre de 2025, alcançando US$ 3.120 milhões, impulsionadas pela chegada de turistas brasileiros e argentinos, além do aumento nas exportações de serviços profissionais e de TI.

O Uruguai consolida-se como plataforma regional de serviços globais, aproveitando sua estabilidade institucional, mão de obra qualificada e ambiente regulatório previsível.

🧭 Conclusões gerais

➡️ O setor externo uruguaio enfrenta um cenário misto:

  • Queda nos preços internacionais das commodities,

  • Menor demanda da China,

  • Mas melhor desempenho nas exportações de serviços e diversificação de mercados.

➡️ No agregado, o impacto líquido sobre o PIB é moderado, mas reforça a importância de estimular a competitividade e diversificar a matriz exportadora, com maior valor agregado e inovação tecnológica.

Conclusão geral O Uruguai encerra o terceiro trimestre de 2025 com estabilidade macroeconômica, inflação controlada, melhoria fiscal moderada e crescimento sustentado, embora com desafios no setor externo e no investimento privado.
A política monetária segue prudente e contracionista, enquanto o setor real mostra resiliência diante da incerteza internacional.

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